terça-feira, agosto 14, 2007

Dizem café move montanhas.

Dez horas. Outeiro. Cota 40. O céu ameaça chuva. Poderia ter sido ontem, pode ficar para amanhã. No que a mim se refere, claro está, porque o meu companheiro de caminhada escapuliu-se a outras obrigações, pelo que ou é agora ou não é. Seja.

Mal saímos o portão entramos na mata em direcção à Ribeira da Silvareira e passados cinco minutos iniciamos uma caminhada ascendente, ao longo da margem direita, por entre pinheiros, carvalhos, freixos, alguns eucaliptos e mato baixo.

Trouxe os binóculos. Vá lá saber-se porquê. O céu está cada vez mais ameaçador.

Aos poucos, o caminho vai-se transformando em trilho estreito cada vez mais invadido por vegetação, até que desaparece por completo qualquer vestígio de alguém ou algo alguma vez por aqui ter passado antes de nós. Sabemos também que a poucas centenas de metros tudo isto é agressivamente rasgado pela auto-estrada, pelo que atalhamos em corta mato à procura da passagem aérea.

Uma hora de caminho. Atravessamos a ponte do Trogal e caem as primeiras pingas.

Estamos no sopé. O GPS ficou no Porto, e como o nevoeiro acaba de deixar bem claro que, no caso de insistirmos na ascensão, a sua companhia estará garantida, restam-nos os desenhos do Alferes Graça, datados dos finais da década de quarenta.

As pingas intensificam-se. Apenas conseguimos ver algumas dezenas de metros, e isto quando se olha em frente, porque olhando para cima, então não se vê mesmo nada.

Seguimos ao longo de uma estreita levada de água.

A chuva desaparece, mas só porque caminhamos agora verdadeiramente no interior da nuvem. Seguimos por um caminho florestal bem definido subindo a encosta por um trajecto em zig-zag bastante íngreme. O caminho inflecte agora para a esquerda, seguindo ao longo das curvas de nível e afastando-nos seguramente do nosso objectivo.

Parece haver um trilho mal definido que segue em frente, pelo flanco mais íngreme. Após os primeiros metros ficamos com a certeza de que este caminho não é percorrido há já muito tempo. Caminho? Qual caminho? Aproveito para realçar o papel fundamental do bordão que comigo trouxe (que já me tinha sido muito útil nas partes íngremes da caminhada), e que me permitiu persistir e romper por entre tão denso matagal.

Após mais de duas horas de caminhada e várias hesitações quanto ao rumo a tomar, surge-nos repentinamente o contorno duma edificação do muro envolvente ao orago – mal definido através da neblina – e só nessa altura ficamos a saber que tínhamos seguido o rumo correcto.


14 comentários:

San disse...

E são as montanhas que vêm ter connosco quando não conseguimos encontrá-las!

Anónimo disse...

A vida está boa é para ... ele sabe do que estou a falar!

Cristina disse...

olha, mas já que andas por essas terras esquecidas de deus,a correr saba-se lá que riscos, porque não vimos ainda uns retratinhos lá no contador, ein?

beijocas.

PintoRibeiro disse...

Pelo menos estás vivo. Pato?
Abraço K'mrd.

Anónimo disse...

muito bem ...

Será que é este verão que vamos a Freita ?

Aquele abraço

Seu_misha

Anónimo disse...

boas terras...boas névoas...

_______________

e não preciso de binóculos para te "ver".


beijo.

I. anónima de Cunha e Menezes...:)))))

Animal disse...

e num era mais fácil ires de táxi?

Eric Blair disse...

Talvez tenha sido isso mesmo, San; ainda duvido que tenha sido eu a encontrar o caminho...

Eric Blair disse...

Pois, Charlito, pois sei; mas agora fizeste-me lembrar o rato mique e a história do eu sei que tu sabes que eu sei e o camandro...

Eric Blair disse...

Pois, querida amiga, porque a internet é, aqui, uma miragem. Quando passar pelo Porto. Entretanto essas duas da posta foram tiradas durante o percurso.
Beijos e cumprimentos ao Alfredo Pintor.

Eric Blair disse...

Vivo mas sem pato, Sergey. E tu?

Eric Blair disse...

Só se for em setembro, Seu Misha. É que o ano foi longo, mas as férias também prometem ser.
Mi aguarde...

Eric Blair disse...

... de cunha e menezes ???
Ah! :)

Eric Blair disse...

Se me tivesses lembrado mais cedo, Animal ...