sexta-feira, janeiro 27, 2006

Ah ah ah ah ah ah ah

– Vou desistir; não estou preparado; não tive tempo, blá blá blá…
– Com certeza.
– Mas não queria ver uma nota miserável na pauta.
– OK; escreva “Declaro que desisto” e assine por baixo. Aparecerá DT, na pauta.

Fulminou-me instantaneamente com o olhar. Estou mesmo em crer que, a determinada altura, espumou pelos cantos da boca, deitou algum fumo pelas orelhas e soltou algumas labaredas pelos olhos.

Lá sarrabiscou o que tinha a sarrabiscar, atirou com a folha e saiu com um ar indignadíssimo.

Olhei para a folha, e lá estava, com todas a letras: “claro que desisto, fulano de tal

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Medalha de cortiça

Para os 64.138 gajos que se dizem de esquerda e que ajudaram a eleger o parolo de Boliqueime, ficando em casa ou tendo o trabalho de se deslocar às mesas de voto para votar em branco.
Vocês são o meu orgulho!

domingo, janeiro 22, 2006

sábado, janeiro 21, 2006

Orelhas equipadas com radar

Dei-me hoje conta de que enviei cinco mensagens escritas a partir do meu telemóvel. Cinco ditos essémiesses em apenas um dia.

Um destes dias levei mesmo o telefone, se bem que desligado, para uma aula. Penso que com a inconsciente intenção de só precisar de o desligar mesmo à porta e de o poder voltar a ligar no mesmo local e a igual distância de tempo, agora do fim e não do início da mesma. O mais preocupante é que nesse dia nem sequer aguardava ou tinha que fazer alguma chamada dita importante.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Bela forma de terminar um Moleskine

“… é-me difícil evitar um sobressalto de estranheza quando ouço alguém que respeito ou estimo, dizer, a qualquer propósito, que é de direita. Parece-me sempre a incómoda confissão de uma anomalia …

Fica subliminar, indefinida e pesada, uma compaixão muito condoída, uma tristeza pelo outro, uma vontade de não ter presenciado, de ter ouvido ou lido mal …

Apetece-me desmenti-las autoritariamente: "
Não, você não pode ser de direita, você é um poço de decência, não pode dizer uma coisa dessas". E a estima fica, apesar de tudo, intacta. Eu posso dar-me ao luxo do fair-play. Sou de esquerda.”

Mário de Carvalho
Le Monde Diplomatique
Jan 2006

quinta-feira, janeiro 19, 2006

O Engodo

Lá conseguiu o bolo-rei passear-se pela pré-campanha e pela dita cuja propriamente dita, sem que se tivesse atravessado com uma opinião que fosse acerca de algo relevante. Missão, portanto, cumprida.

É sabido que dispenso “opinadelas” por parte de quem tem unicamente certezas. O que realmente me intriga é qual das duas hipóteses será a correcta: ele nada pensa ou ele, com o seu silêncio cobarde, pretende esconder aquilo que pensa, com legítimo receio de afugentar a caça?

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Foice Sem Martelo

Lá estava o habitual par, constituído por uma desconjuntada e ferrugenta motorizada encostada à berma e, mais acima, no meio da rotunda, um corpo seco e encurvado cujo braço direito se movimentava num rápido e cadenciado vaivém, cortando rente aquelas línguas-de-ovelha que, com uns bons vinte centímetros iriam seguramente servir de repasto a uma família de láparos.

Lembrei-me dos cantoneiros, dos guarda-rios, dos guarda-florestais. Lembrei-me também da Rosa, da Isaura, da Lena Latoeira, da Lídia, do Pai Jom; e de tanta gente que andava à jorna e que, apesar da dureza com que enfrentavam o árduo trabalho de sol a sol ainda tinha paciência para aturar o miúdo que vinha passar os infindáveis quatro meses de férias grandes à aldeia.

Lembrei-me de como era a vida dessa gente antes de 74 e de como continuou a ser exactamente igual depois de 74. Hoje são septuagenários e octogenários que sofrem de todas as possíveis doenças que um esqueleto de infâncias e adolescências sub nutridas pode registar. Continuam a ir buscar água ao poço, a rachar lenha à força de braços, a levantar-se às seis da matina para dar de comer aos animais, a arrastarem-se penosamente domingo após domingo ao longo de cinco penosos quilómetros até à igreja para agradecer sabe-se lá que Graças.

Lembrei-me que este país continua a ser uma merda e que por isso mesmo vou votar no Camarada Garcia Pereira.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sondagens












Caros amigos,
Em vésperas de eleições é-me impossível passear pela Blogolândia.
Tenho andado no terreno a realizar uma campanha de sondagens, pelo que me vou manter afastado por mais uns dias. Em breve regressarei e visitarei todas as tascas e quiosques.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Deus tem caspa

Um recente estudo – encomendado pela DGV e a que as Edições Pirata tiveram acesso – levado a cabo por uma vasta e multidisciplinar equipa de conceituados técnicos de áreas tão distintas como a Teologia ou a Matemática Aplicada, veio inequivocamente refutar a já de si polémica teoria de que as viaturas equipadas com um terço ou crucifixo no espelho retrovisor estão menos expostas à sinistralidade.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Já não há patos,













nem gansos, nem sequer garças.

Sobram as ratazanas voadoras, mas essas não as mostro.