À semelhança da maioria dos que à data eram nascidos, a magnífica vitória de Carlos Lopes na prova da Maratona é a primeira memória que guardo dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984.
Há, no entanto, uma outra memória que guardo mas relativamente à maratona feminina das mesmas Olimpíadas, que foi disputada debaixo de um calor infernal, e em que a suíça Gabriele Andersen-Scheiss, já perto do final, estava no limiar da exaustão, completamente esgotada e sem uma réstia de energia que lhe permitisse continuar. No entanto, aquele farrapo humano continuava a cambalear pela pista fora, contorcendo-se a cada passada, dividindo os últimos resquícios de energia para simultaneamente se arrastar penosamente pela pista fora e enxotar quem se aproximava na tentativa de a ajudar. Quando finalmente conseguiu cruzar a linha de chegada, todo o estádio se levantou para efusivamente a aplaudir.
Lembro-me também de uma prova de corta mato em que o campeão António Pinto (3 vitórias, 1 segundo lugar e 3 terceiros, nas sete participações da Maratona de Londres), apesar de favorito à vitória chegou em vigésimo lugar. Quando interpelado pelo jornalista, que lhe perguntou porque é que não desistiu, na medida em que toda a gente viu que ele fez o último quilómetro a mancar; ele retorquiu que apesar da entorse e das dores horríveis, nunca equacionou desistir, porque nunca o tinha feito e sabia que a partir do momento em que o fizesse uma primeira vez, iria passar a fazê-lo com naturalidade.
12 comentários:
Eric Lembro-me de algumas coisas de que aqui referes, nomeadamente a victória de Carlos Lopes, também me lembro da Suiça, do outro não até porque acompanho o Atletismo de forma esporádica, de qualquer das formas de forma mais regular do que acompanho o futebol.
Quanto á situação que referes elucida-me por favor.
beijoca e obrigado
ali aquela despenteada, que dá pelo nome de fernanda ribeiro e que, justiça lhe seja feita, trouxe já algumas medalhas para Portugal (inclusivé em Jogos Olímpicos), tentava ontem, numa prova em Vigo, os mínimos para Pequim; mas quando viu que não ia conseguir, desistiu; como o fez inúmeras vezes ao longo da carreira (inclusivé em Jogos Olímpicos), nunca por lesão, mas apenas porque já não dava para chegar às medalhas. Não corre pelo prazer de correr, mas apenas pelo reconhecimento. É uma burra deslumbrada que nasceu efectivamente para o atletismo. Há muito que lhe chamo jardela.
ps.(r) quanto ao António Pinto, é um sinhôr; corria aqui no parque da cidade, com o Paulo Catarino (outro sinhôr) todas as manhãs e convidava os "atletas de pelotão" (os gajos que nas provas andam sempre lá atrás, imediatamente à frente da ambulância) a juntarem-se a ele nos treinos.
Nunca aguentei mais de 10 - 15 minutos e sempre de lingua de fora, tal era o ritmo.
Quanto ao Carlos Lopes, ganhou a medalha, precisamente no dia em que nasceu o meu rapaz mais velho!:-)
Se não me falha a memória, o Mamede tbém tinha o hábito de desistir não era?
Ainda com o pé inchado!!! ;-)
era era, deve ser do(a)s Fernando(a)s, Karocha. Mas esse sempre era mais Humilde. Lembro-me de uma corrida de 10.000m, numas olimpíadas, praí às 3 ou 4 da matina. Ficou o país acordado para ver a nossa grande esperança (certeza mesmo, uma vez que ele era, à data, recordista mundial da distância) e o gajo desistiu. Vai daí o povo apedrejou-lhe a montra de uma loja de artigos desportivos que ele tinha lá na terra.
Pois foi o gajo ia em segundo não era?
d'isso já num m'alembro, rapariga, mas tenho ideia que ele ia bem e que desistiu sem parar de correr, directo aos balneários. No caso dele a coisa era do foro interno ... é diferente do desta gaja.
e morena se fez loura...
já pareces o lázaro...daç.
já me estava a esquecer desse pormenor, San.
qual, o da vaselina ou o da mortalha, Frank?
mortalha pá...olha lá isso...
pois, pá, ele há dois famosos: o do JC/mortalha e o do atletismo/Estocolmo.
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