Sempre gostei da Páscoa. A Páscoa na aldeia, bem entendido. A Páscoa nas aldeias do Alto Minho, para ser mais específico. A mesa posta, os verdes à entrada, o fogueteiro que chega antecipadamente perguntando quantos quer que bote?, a romaria de comensais que segue cambaleante – porque toldada – o cortejo liderado por transpirados pároco e mordomo, os Zé Pereiras que não entram mas a quem se servem umas boas malgas de verde tinto, os anfitriões alinhados à porta de casa preparados para lambuzar os pés do nosso senhor, prontamente limpos por um lencinho de linho finamente bordado.
Como desde puto sempre desconfiei das propriedades de esterilização do dito paninho, rapidamente tratei de me especializar no famoso ósculo na atmosfera.
Estava aqui a pensar que se por infortúnio a gripe das aves chegar agora pela Quaresma, o Compasso constituir-se-á como um indispensável veículo de transmissão da coisa.
Pensando melhor, a coisa disseminar-se-á de qualquer forma.
O hospital de S. João ocupa a quase totalidade de um enorme quarteirão. Só não é mesmo a totalidade, porque há uma esquina desse quarteirão que é ocupado por um centro comercial que para além de uma vasta zona de restauração tem uma ou duas loja de telemóveis, um banco e uma casa de cópias. Tudo à feição da zona onde se insere: o Pólo 2 da UP.
À hora do almoço a coisa enche e a zona do fast-food parece o santuário de Fátima no dia 13 de Maio. Depois há os outros restaurantes, onde me divirto a tentar adivinhar a proveniência dos docentes desconhecidos: os de fatinho e gravata e que acompanham a refeição com água ou sumo natural, são invariavelmente de economia; enquanto que os de indumentária mais descontraída, que falam mais alto e bebem cerveja ou vinho são das engenharias.
Já os médicos, bem os médicos são os mais evidentes, porque ridículos: vem com as suas batas brancas e há sempre um ou outro que não resiste a trazer o estetoscópio ao pescoço.
Bom, não garanto que ainda seja assim, porque como é evidente já deixei de frequentar essa placa de petri há muito tempo.
Por isso, velhinhas, lambuzem à vontade os pezinhos do nosso senhor, porque ao fazê-lo não estão a fazer mais do que seguir o exemplo da elite dos nossos profissionais de saúde.
* … , venha o envelope do dinheiro.
28 comentários:
grande malvado!!
bom, geralmente os médicos não tiram a bata para ir comer, tal como os outros, são é batas diferentes..
mas prontos, eu prometo tirar a bata quando chegares pró chá :))
jinhos
A grande diferença é que "os outros" usam bata para não se sujarem, enquanto que os médicos - pensava eu na minha ingenuidade - a usam para que as suas roupas vindas do exterior não entrassem em contacto com a maralha. Além disso, devem ser um rico veículo de transporte de tudo e mais alguma coisa resistente para fora do hospital; neste caso para comódromo.
Seja como for, quando vieres ao Porto levo-te e almoçar a um sítio mais decente (desde que tires a bata :))
Ora bom dia e bom domingo!
ahh, esqueci.me...se o comódromo é fora do hospital, acho um cadito esquisito e de gosto duvidoso.:(
tá, eu tiro a minha qd aí for. e desinfecto.me, prometo :p
a pascoa é um feriado religioso certo? nesse caso só me sugere guerra, injustiça e desolação...
WWW.MOTORATASDEMARTE.BLOGSPOT.COM
conheço esse santuário....
único na europa!!!!
Na minha está. Boa semana Blair.
Já vi de que afinal tu gostas é de festa. Comes e bebes são o teu forte.
abraço
Nem mais, Kaos! Ontem levantei-me da mesa, após o almoço, às 19:00.
Se tirarem as batas como é que vão ser reconhecidos? Como é que vão receber a adoração do povo? Isso não pode ser, há que ter respeitinho, que é bom.
:))))))))))))))))
e deixo-te doces doces. não doces amargos..que esses dá-te o tio Sócrates.
______________
beijo.
A caracterização do pessoal de economia, engenharia e medicina, está impecável.
A proposito de bolonhesa, viva o Radtzinger!
O Radtzinger que se vá foder 3 vezes!
Bom dia.
Ó pá, já me tinha esquecido do raio do envelope!!!:( A minha mãe mata-me...
e uma maçã, para disfarçar ...
Nao consigo gostar da Pascoa.O envelope podem deixar em minha casa..
bjinhos
ÒBRIGADA....
:((((
era da minha familia....
Aleluia!!!!!
beijos.
pah, não falem mal do status dos maiorais das fardas ou batas, nem das graças divinas...
eu gosto à brava desta coisa de estado-igreja de mãos dadas para festejos-feriados.
ó ó
(se vierem pedir esmolinha estou, como sempre nestas alturas, a dormir...)
Já não te mistures kom a ralé, K'mrd?
Abraços,
3 ou 4 ou as que quiseres, mas não deixa de ter razão. Caso contrário apresenta argumentos. Bom dia.
Excelente, excelente post meu amigo, boa semana.
um abraço......pascal????
ihihihih....
_____________________mas não é para lambuzar....:))))))).
Caro Sergey, és muito bem vindo aqui à minha humilde tasca; eu é que não me sinto bem com as imagens que tenho visto lá pela teus domínios, pelo que mal entro saio. Prezo o conjunto intersecção, pelo que com a falta de tempo que tenho só me restariam bocas curtas. Não quero mal entendidos, mas a tua via é cada vez menos a minha.
Um abraço sentido.
ou antes: "um sentido abraço". E daí...
Bom dia Sónia. A criatura não me merece perda de tempo.
Obrigado, caro amigo Conde Barão.
Sem lambuzar, prometo :))
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