Por mais do que uma vez tive que reprimir o impulso de me levantar e dirigir-me ao mister, com o propósito de lhe dar um abraço de solidariedade, tentando desta forma explicar-lhe como compreendo bem a hercúlea e ingrata tarefa que é a de conseguir que um miúdo de cinco anos distinga inequivocamente esquerda e direita.
Convicto de que a generalidade das pessoas assume que qualquer darwiniana adaptação é coisa para ser operada ao longo de milénios, poderia talvez contrapor com o melro; esse misterioso e assustadiço pássaro que no início da minha adolescência apenas conseguia vislumbrar por breves instantes quando passava aquelas intermináveis e inesquecíveis temporadas na Quinta da Passagem.
Não seria de esperar que ele ripostasse que melro é coisa que não falta actualmente na cidade, e que de assustadiço nada tem.
Nesta fase eu poderia, muito respeitosamente, explicar que estávamos, no fundo, a falar do mesmo. Que afinal estávamos de acordo, e que aqueles primeiros 30 minutos de treino me fizeram lembrar os últimos 30 anos de democracia.
Talvez ele finalmente compreendesse que aqueles miúdos, tal como os seus progenitores, apenas estão interessados em chutar a bola para a frente. Que já não faz falta avisar a malta, porque a malta, definitivamente, não quer ser avisada.
Pensando bem, talvez ele não compreendesse…
domingo, outubro 01, 2006
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7 comentários:
De esquerda e direita, definitivamente.
Por curiosidade, pode informar-me onde fica a Quinta da Passagem?
Tira o tazvez da ultima frase e estou de acordo contigo.
abraço
Finalmente alguém que me compreende, Kaos.
:))))))))))))
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sou burra. mesmo.
beijos.
não sei se percebo...vou pensar, ja volto.
entretanto, beijos.
hum...continuo sem saber, mas sempre te digo que chutar pá frente já não é mau. pior é chutar pa canto..
bjinhos amiguito.
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